Tentaremos a partir de agora, toda sexta-feira, postar um texto de algum autor local, começando com um texto do Rubens da Cunha. FRAGMENTOS PARA UM FERIADO CHUVOSO Pouco a dizer. Dentro, outras preocupações, outro veios. Pensa nos velhos, aqueles que se sentam e rememoram e falam, como se falar lhes fosse a vida, a manutenção da vida. Nos olhos do cão uma tristeza sem par. É como se toda a ferocidade que lhe impuseram agisse como um câncer. Quanto mais ele fingia ser bravo, perigoso, assassino, mais os olhos, e por consequência, todo o corpo ficavam tristes. Nos cães, os olhos também são a janela da alma. Veio me visitar. Andamos pelos novos parques da cidade, abrigados pelo guarda-chuva quebrado. Rimos algumas vezes, lamentamos tanta água no nosso feriado. Não que a chuva tenha nos deixado tristes, apenas lavou nossa casca, danificou nossas defesas. Ficamos puros feito árvore molhada. A melancolia vem do futuro, pois logo nos secaremos, logo voltaremos, sérios e adultos, à vid