Resultado do Concurso Literário de Letras

Confira aqui os textos vencedores do Concurso Literário de Letras nas categorias poesia e narrativas curtas.

Categoria POESIA


1° lugar - MÃOS de Bruna Iglesias
2° lugar - MULHERES DE VENEZA de Roberta Maciel
3° lugar - SOB(RE) A ÓTICA SOCIAL de Eduardo Camargo

Mãos
Bruna Iglesias

Listradas de azul e violeta
Rápidas, protegem a pureza
Mas o desejo cresce a tal ponto
Que elas caem ao lado,
Derrotadas.

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Mulheres de Veneza
Roberta Maciel

Desejo meu era estar por Lá
Esconder meu embargo por trás de ti
Veneza! Cidade da máscara mulher
Máscara por esconder
Mulher por saber sentir o porque 
Porque de estar sofrendo
Porque de acobertar o choro ao ver o filho correndo
Mulher para saber abraçar
E ajudar quando tudo dói
Que por mais difícil sabe brincar
Quisera eu me erguer em máscaras em dias assim
Quando o céu desaba
E o mundo chega ao fim
Me recolher nas fitas coloridas
E me entregar a paixão cheia de vida
E mesmo sem máscaras
Atendo o que vier
Acho que esqueci Veneza
Me importa apenas ser mulher


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Sob(re) a ótica social
Eduardo Camargo

Sob os óculos da sociedade
Somos como apenas formigas
E o nosso formigueiro, a cidade
Trabalhamos até quando chega a fadiga

Sob os óculos da sociedade
O maconheiro é bandido
Ricos não enfrentam adversidades
O tímido é introvertido

O negro é sempre pobre
O pobre é sempre ignorante
Os médicos são quase nobres
O consumo de drogas é revoltante

A ostentação se torna o maior princípio
Vivemos presos nessa sina, nesse lindo consumismo!
Olhamos para os índios como se fossem remanescentes do início
Como é lindo abraçar o fordismo e toyotismo.

Produzir, produzir e lucrar!
Trabalhar até não mais aguentar
Estar abaixo de chefes de empresas
Que fumam grandes charutos em suas mesas

Aqueles que protestam sempre são os vagabundos
Os drogados, os pobres diabos, os grandes mentecaptos!
Os mendigos sempre são apenas seres imundos
E aqueles que não fizeram uma boa faculdade, inaptos

Os pensadores não passam apenas de loucos!
Loucos de tanto pensar, de tanto querer mudar
Pena que hoje em dia esses loucos são poucos
E assim continua nossa linda sociedade a caminhar.


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Categoria NARRATIVAS CURTAS

1° lugar - VERBO SEM DEFINIÇÃO de Andressa Marchi
2° lugar - EPÍFANO de Julia Kruger
3° lugar - TEMPO de Larissa Vieira



Verbo sem definição
Andressa Marchi



Certa vez me perguntaram o que é viver. Viver é errar – respondi. É desejar ser adulto, para quando for adulto, desejar ser criança. É planejar as incertezas do futuro e apoiar-se no destino. Viver é ir à escola, ficar doente, jogar bola, olhar o mar e se irritar com alguém no trânsito. É sentir a brisa do campo e o caos da cidade. É aprender lições e ensiná-las aos outros. Viver é aprender a sobreviver em um lugar onde não pedimos para chegar, mas que lutamos para ficar. É sorrir, correr e chorar. É conhecer almas diferentes e amá-las da mesma maneira. Viver é lutar por um objetivo ou por uma pessoa. É ter uma crença, algo que faça com que todo o resto tenha sentido. É construir amizades que desaparecerão com o tempo e, outras que durarão por uma vida inteira. É observar o pôr do sol e desejar o fim da noite, para que se comece um dia diferente do anterior. Viver é ser rodeado por pessoas que querem o seu bem, mas também por aquelas que estão apenas esperando uma oportunidade para destruir seus sonhos. É fazer com que o impossível torne-se um pouco possível. É ser desafiado, vencido, conquistado e indagado. Certa vez, me perguntaram o que é viver. Viver é errar – respondi...


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Epífano
Julia Kruger



Caixas e ferramentas voam, ainda mais se alguém as joga na parede, envolvido em raiva e decepção, este que estava na oficina, agasalhado, vestido de negro. O cheiro de jasmim não saía de suas narinas e toda iluminação a meia luz.
Agora no fim de um caminho, se questionava. De que serve tanta pedra trabalhada e argila moldada, de que me adianta esse teto?! De herança, uma picha de nada para encher o vazio. Sentou-se em um banco.
A sua frente, uma pichação, não importava quem a fizera, mas sim, o que dizia:
“Atrás, o inferno!!” em letras caixa-alta, em vermelho na parede amarelada. Olhou para trás e admirou, ao longe, a rua e voltou a admirar a frase e a parede amarelada.
Ficou sentado onde estava, se encolheu e chorou em silêncio, pois agora era seu o timão e as palavras fluíram como rios: “pais de família não choram”.



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Tempo
Larissa Vieira

Novamente um dia comum, encontramos o vizinho no elevador. Ele comenta sobre o clima: “O tempo está aberto”. O tempo está “aberto”. O que quer dizer isso? Que o sol irradia seus raios quentes sobre nós? Que você não tem compromissos e pode utilizar as horas como bem desejar? Que a sociedade que lhe envolve lhe permite agir da forma que pensa? 
Quantas vezes nos deparamos com situações dúbias, buscando um significado único e a resposta plena. Somos constantemente defrontados por questões que nos pedem respostas rápidas e certas, e quantas vezes conseguimos responder a elas dessa forma? 
Tudo é um grande emaranhado. O que apenas desejamos é uma fresta para respirar, para sentir que pelo menos parte de nós ainda almeja alguma meta, algum objetivo. 
O que nos remete ao passado? O que nos motiva ao futuro? A reflexão aparenta atividade inútil no meio de atividades tão úteis e tão fugazes. O que nos obriga a levantar diariamente e agir de tal forma? Um conceito social ou um desejo pessoal? O que nos encaminha ao futuro? A saudade do passado? Esse constante desejo do tempo bom? Porque não fazemos do agora nosso tempo bom? Somos um eterno ciclo, de idas e vindas, de voltas, complexidades, redemoinhos de nós mesmos. Quando menos percebemos, tudo aquilo que desejamos aprender, aprimorar e nos interiorizar, novamente nos transforma naquele pequeno ponto de onde surgimos. Pode ser que o tempo mude, as nuvens surjam e tragam consigo a água que nos purifica. Banhando-nos dela, seremos novamente um pequeno ponto, que circundado em si mesmo formará aquilo que somos e nosso real tempo bom. Podem ser que as repostas se ampliem que as frestas sejam cada vez menores, a sua busca será sempre pessoal.


Foto dos vencedores do concurso

Parabéns a todos que participaram do concurso.


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