Um dos mais premiados jornalistas
da televisão brasileira, Marcelo Canellas já rodou o mundo ao longo de seus
mais de 25 anos de carreira. Mas, segundo ele mesmo, jamais deixou a cidade de
Santa Maria da Boca do Monte, encravada no centro do Rio Grande do Sul — a
província sempre segue com ele, alma adentro, aonde quer que vá.
O livro de crônicas que Canellas
acaba de lançar, apropriadamente intitulado Províncias, comprova a profunda
conexão do autor com a geografia afetiva de seus anos de formação. Santa Maria,
aqui, é o arquetípico microcosmo que, sob a lente de aumento da literatura, vai
desvelando o caráter universal das miudezas de um cotidiano particular.
Nesse sentido, qualquer
insignificância do dia a dia – o aroma do café passado no coador de pano, a
imobilidade de uma estátua-viva na praça, a desmontagem da lona de um circo –
ganha renovada dimensão nesses relatos. E, também, tudo o que há de
profundamente relevante passa por uma necessária releitura: filtrada sob a
perspectiva "provinciana" de Canellas, a recente tragédia da Boate
Kiss tem, no livro, aquela que talvez seja sua mais pungente interpretação.
Publicados originalmente no
Diário de Santa Maria, os textos revelam uma prosa poética fluida, delicada, a
serviço da observação da vida e de suas eternas contradições. A compilação
Províncias é a oportunidade de tornar o lado cronista de Canellas tão
reconhecido quanto sua faceta de jornalista.
O autor
Marcelo Canellas, nascido em
Passo Fundo, em 1965, é formado em comunicação pela Universidade Federal de
Santa Maria. Repórter especial da Rede Globo, notabilizou-se pela cobertura de
temas ligados a direitos sociais e humanos. Pela série de reportagens
"Fome", exibida no Jornal Nacional em 2001, ele e sua equipe
conquistaram diversos prêmios — Ayrton Senna de Jornalismo, Barbosa Lima
Sobrinho, Imprensa Embratel e Vladimir Herzog, além da Medalha ao Mérito da
Organização das Nações Unidas.
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